Internações por transtornos mentais e comportamentais em crianças e adolescentes no Brasil: uma análise epidemiológica
DOI:
https://doi.org/10.53843/bms.v10i14.973Palavras-chave:
Adolescente, Criança, Epidemiologia, Saúde mental, Transtornos mentaisResumo
Introdução: A infância e a adolescência constituem fases essenciais para a formação dos indivíduos, uma vez que representam seus contatos iniciais com a vida em sociedade e com a construção da identidade. Consequentemente, essa população apresenta uma significativa vulnerabilidade aos transtornos mentais. Desse modo, este trabalho objetiva analisar o perfil epidemiológico das internações hospitalares por transtornos mentais e comportamentais em crianças e adolescentes brasileiros no período de 2018 a 2022. Metodologia: Estudo epidemiológico observacional, do tipo ecológico e de série temporal, com abordagem quantitativa. Os dados foram extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. As variáveis utilizadas foram região, ano de atendimento, sexo, faixa etária e raça/cor. Agrupou-se os transtornos mentais e comportamentais de acordo com o capítulo V da 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças. Os dados obtidos foram analisados por estatística descritiva. Resultados: Foram registradas 94.921 internações de crianças e adolescentes por transtornos mentais e comportamentais. Regiões Sul e Sudeste concentraram 72% das internações. Os internamentos por transtornos de humor (28,39%), por uso de substâncias psicoativas (24,03%) e por esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes (22,07%) foram os mais frequentes. 51,79% dos casos eram do sexo masculino. Faixa etária de 15 a 19 anos correspondeu a 76,92% das internações. Raça/cor branca representou 42,77% dos registros. Discussão: Ao longo de 2018 a 2022, houve um aumento expressivo de internações de crianças e adolescentes por transtornos mentais e comportamentais. Tal condição não pode ser explicada por um único fator, porém é importante considerar as repercussões da pandemia da COVID-19, conflitos familiares, uso problemático de drogas pelos pais e a não supervisão pela família como possíveis situações relacionadas à agudização ou descompensação desses transtornos. Conclusão: Os aspectos epidemiológicos relacionados aos transtornos psiquiátricos na população infantojuvenil devem ser avaliados para a melhoria das medidas de prevenção e de tratamento.
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