USO DE ANTIDEPRESSIVOS NA GESTAÇÃO E TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA PROLE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
DOI:
https://doi.org/10.53843/f8ahqr12Palavras-chave:
Antidepressivos, Transtorno do Espectro Autista, GravidezResumo
INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma desordem do neurodesenvolvimento caracterizada por déficits
nas áreas social, comunicacional e comportamental, essenciais para seu diagnóstico. Pesquisas apontam correlação entre
fatores ambientais e epigenéticos no desenvolvimento do TEA. O objetivo desta revisão sistemática é analisar estudos até
outubro de 2023 sobre o uso de antidepressivos (AD) no pré-natal e sua associação com o desenvolvimento de TEA na prole.
METODOLOGIA: Foram selecionados estudos sobre a relação entre o uso de antidepressivos durante a gestação e o
desenvolvimento de sintomas ou diagnóstico de TEA. A pesquisa incluiu artigos originais publicados em inglês, focados na
exposição a ADs na gravidez e efeitos no desenvolvimento neuropsiquiátrico dos filhos. Excluíram-se revisões não sistemáticas,
relatos de casos e artigos sem metodologia definida. O risco de viés foi avaliado pela Cochrane Risk of Bias Tool, e os dados
analisados qualitativamente. A pesquisa foi realizada nas bases PubMed, Embase e Biblioteca Virtual em Saúde. RESULTADO:
Sete artigos foram incluídos, cinco em humanos e dois em modelos animais. Os estudos indicaram possível associação entre
o uso de ADs durante a gestação e comportamentos típicos do TEA, mas com resultados heterogêneos. Alguns estudos em
humanos encontraram maior prevalência de diagnóstico de TEA, enquanto outros não observaram correlações significativas.
Em modelos animais, foram identificados comportamentos como ansiedade e alterações compatíveis com TEA. DISCUSSÃO:
Os estudos revelaram alterações comportamentais associadas ao TEA, como rejeição à interação social e comportamentos
repetitivos. Há consenso sobre a maior incidência de TEA em filhos de mulheres com transtornos psiquiátricos, especialmente
depressão, que usam ADs durante a gestação. As limitações incluem heterogeneidade metodológica e falta de dados
longitudinais consistentes. CONCLUSÃO: Embora haja indícios de uma possível associação entre o uso de ADs durante a
gestação e o aumento do risco de TEA, os resultados são inconclusivos devido à diversidade metodológica. Estudos futuros
devem abordar coortes maiores, padronização nas metodologias e análises dos mecanismos epigenéticos.
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